3 Tradições que fazem de Braga uma cidade especial – e peculiar

Braga é uma cidade com mais de dois mil anos e, portanto, é também uma cidade cheia de tradições muito próprias que a tornam especial.

Além da famosa Semana Santa e do indispensável S. João, há outros costumes que fazem parte da identidade de Braga, mas são menos conhecidos e um pouco mais…peculiares.

 

O Natal com bananas e moscatel

Pelo Natal, há no centro histórico uma verdadeira reunião de bracarenses. No final do dia 24 de dezembro, dia da noite de Consoada, é ver a rua do Souto e o Largo do Paço encherem com uma grande multidão. O motivo? A tradição de comer uma banana acompanhada por um copo de vinho moscatel.

Tudo começou (e começa) na Casa das Bananas, uma loja já antiga localizada em plena rua do Souto. Nos seus primórdios, este estabelecimento vendia precisamente bananas e tinha também um pequeno balcão onde se servia vinho moscatel. O proprietário, Jorge Rio, ganhou o hábito de servir a peça de fruta juntamente com o moscatel, e a combinação, por estranho que pareça, pegou. Os amigos do seu filho criaram até uma pequena tradição privada de se juntarem na loja na véspera de Natal para comer uma banana e beber um copo de moscatel.

Anos mais tarde, aquilo que era um costume restrito transformou-se numa tradição alargada a toda a cidade. Todos os anos, há amigos e familiares que se juntam no Bananeiro – como é mais conhecida a loja – e convivem, com bananas e moscatel a acompanhar a conversa, naquilo que é uma tradição certamente peculiar mas também engraçada.

 

A Igreja de Santa Cruz e os seus galos casamenteiros

Se passar no largo Carlos Amarante e, junto à Igreja de Santa Cruz vir pessoas de cabeça levantada e nariz no ar, não estranhe. Esta igreja é palco de uma das tradições mais estranhas e divertidas da cidade, devido a uma lenda antiga que circula há anos.

A fachada desta igreja contém, como seria de esperar num edifício barroco, várias figuras em relevo, entre as quais constam três galos. Ora, reza a lenda que qualquer “moça” que queira casar em breve tem de os encontrar aos três. Acontece que descobrir um deles não é tarefa fácil e, de acordo com o mito, a mulher que não os encontre não conseguirá casar.

Portanto, ir procurar os galos casamenteiros da Igreja de Santa Cruz – antes de casar ou só mesmo por curiosidade e diversão – é quase uma tradição.

 

Longuinho e as noivas que querem apressar casamentos

É S. João e estamos no cimo do Bom Jesus. Uma “moça” dá voltinhas em torno da estátua de S. Longuinho, enquanto murmura qualquer coisa. Pode soar muito esquisito mas é apenas uma tradição que deriva de uma lenda da cidade de Braga.

Segundo a história que tem vindo a passar de geração em geração, há muitos anos, vivia perto do Bom Jesus um lavrador abastado, de nome Longuinho. Conta a lenda que ele se terá apaixonado por Rosinha, a filha de um lavrador mais humilde, e terá pedido a sua mão ao seu pai, que lha concedeu. No entanto, Longuinho não era correspondido no seu amor e Rosinha, que já havia prometido casar com outro no Bom Jesus, pediu a S. João que intercedesse por ela. O santo assim fez e pediu diretamente a Longuinho que deixasse que Rosinha casasse com o seu amado. O lavrador acabou por concordar em retirar o seu pedido e foi até padrinho de casamento de Rosinha.

Desde então, na altura das festas de S. João, as raparigas que querem apressar o seu casamento vão rezar-lhe em volta da estátua de S. Longuinho para que não tenham que esperar por outro amor, como o lavrador. Aquilo que pode parecer um ritual esquisito a olhos estranhos à cidade trata-se, portanto, de um ato romântico e de (mais) uma tradição casamenteira da cidade.